domingo, 30 de outubro de 2011

Mulher dos meus sonhos



Estava eu, de pijama, penteando e arrumando o cabelo antes de me deitar para dormir, quando minha namorada aparece na porta do banheiro com um sorriso debochado no rosto e me pergunta:
- Para quê você está arrumando o cabelo se logo vai se deitar?!
Dou uma ultima penteada na lateral do cabelo e olho nos olhos dela, sério:
- Por que logo, logo vou encontrar a "mulher dos meus sonhos"... - e continuei sério.
- "Mulher do seus sonhos"? - perguntou ela ainda sorrindo debochada, mas agora com um leve ar de preocupação e ciúmes. - Mas, e eu?
- Você?... - cheguei para perto dela, passei a mão por volta da sua cintura e esclareci para ela com um sorriso. - Você é a mulher da minha vida.
O sorriso debochado foi trocado por um sorriso de alívio e carinho ao mesmo tempo, ela cruzou nossos braços e me abraçou pela cintura, descansando a cabeça em meu peito.
Ela não disse "eu te amo", e eu também não, por que ainda não estávamos preparados, acredito eu. Mas eu tinha conhecimento dos sentimentos dela, como dos meus também.
Pegamos no sono rápido, eu com meu cabelo penteado e ela com os dedos cruzados com os meus.

domingo, 11 de julho de 2010

'A dois passos do paraíso'

Logo nas primeiras horas do dia o sol começava a arder no céu azul e sem nuvens, a temperatura marcava 37ºC, mas a sensação térmica era de 40ºC. Há dias não caia nem um pingo de água sequer do céu. A terra que margeava a interminável rodovia estava seca e sem vida como areia. A paisagem do lugar era morta, cactos, galhos e árvores secas contrastavam com o horizonte azul claro.

Ele dormia completamente nu, o clima do lugar não cedia escolha. Apenas uma fresta deixava o ar quente e seco entrar pela janela de seu caminhão. Conseguir dormir, fechado naquele espaço pequeno, era quase impossível, o ar parecia não chegar aos pulmões.

Acordou com um pulo assustado, respirando o pouco ar que havia ali dentro, com o coração batendo rápido e acelerado. O caminhão estava sacudindo nervosamente. O primeiro pensamento que lhe veio à cabeça foi o de que alguém mal intencionado estava tentando entrar a força. Ou então um terremoto – mas um terremoto, aqui? pensou -. Vestiu suas calças e saiu sem camisa, sentiu a pele arder ao contato com o sol, olhou ao redor e nada de diferente estava acontecendo, o mesmo clima e terra, secos e cálidos, continuavam imóveis, não havia nenhum sinal de terremoto. Voltou o olhar para o caminhão, que continuava balançando, de um lado para o outro, ninguém estava tentando entrar à força. Deu a volta pela frente do caminhão e se deparou com uma cena inusitada que ficaria em sua memória por um bom tempo, uma mula coçava o traseiro no pára-choque do caminhão, nervosa, como se algo a estivesse incomodando.

Sorrindo, descansou as mãos na cintura e ficou estudando a mula por alguns longos instantes.

Espantou o animal dali e voltou para dentro do caminhão sentando-se atrás do volante. Encarou o horizonte da rodovia, infinita, mas com destino final. Pensou em seus filhos, já fazia três meses que não os via, a saudade estava ferindo-lhe de um jeito quase insuportável. Desviou o olhar e encarou-se num pequeno espelho, viu sua pela queimada do sol, seus cabelos grisalhos, viu em seu rosto longos anos de trabalho, sentiu uma lagrima correr-lhe pelo rosto. Ligou os motores e partiu, deixando para trás uma nuvem de terra seca e as marcas de pneu na estrada.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Para sempre

“Para sempre” talvez seja demais - talvez não -. Eu não sabia exatamente o que era “Para sempre”, então, disse para uma garota que seria “Para sempre”. Mas, como certa música já diz, ‘O “Para sempre” sempre acaba’. Sim, o romance que vivi com essa garota – que deveria ter sido “Para sempre” – acabou. Tudo tem um fim. Uma vida, um romance, uma estação, um livro, um momento, – talvez alguns momentos durem “Para sempre” – um beijo, uma música, tudo.

Conheci essa garota numa festa. Ela estava linda, simplesmente linda. A gente ‘ficou’, seu beijo era doce, sensual e agressivo, logo me apaixonei. Eu e ela ficamos algumas outras vezes depois da festa, então decidimos começar uma relação mais ‘séria’, começamos a namorar. Foi então que eu disse que seria “Para sempre”. Foi legal enquanto durou. Mas como tudo no mundo, teve um fim, não foi “Para sempre”. Nós terminamos – mais tarde cheguei à conclusão de que no fundo eu apenas sentia desejo por ela, não amor, mas enfim -.

Hoje fico imaginando se, quando disse que seria “Para sempre”, o tempo parasse no momento que desejei isso. Acredito que no começo seria ótimo, mas logo tudo começaria a ficar chato, sem graça, sempre ‘na mesma’.

Quando as pessoas dizem que será “Para sempre”, no fundo – acredito eu – elas querem apenas prometer uma coisa maravilhosa para o outro. As coisas ‘maravilhosas’ são atraentes, chamam a atenção.

Pois bem, ‘o “Para sempre” sempre acaba’. Ou talvez não... Hoje conheci uma garota – loira, inteligente, simpática, linda -, ela está me fazendo rever meus conceitos e opiniões sobre o “Para sempre”.
Talvez, na verdade, o “Para sempre” seja mesmo para sempre. Talvez uma lembrança, o gosto de um beijo, um abraço, um sorriso, o cheiro de um perfume, façam esse “Para sempre” durar. Talvez baste fazer um esforço para não deixar os bons momentos da vida serem levados, apagados da memória, para, quem sabe, serem trocados por coisas inúteis e corriqueiras, que não dão sentido ao que realmente é a vida ou o amor.

P.S.: Eu disse que seria “Para sempre” para essa garota que conheci hoje.